quarta-feira, 10 de outubro de 2007

NAQUELA TERRA, O SOL DEIXOU DE NASCER

O SOL SUMIU DE VEZ – Havia uma ilha no Caribe, na qual o sol não nasceu mais. Não nascendo, também não se punha. Naquela ilha, deixaram de acontecer os nascentes e os poentes. Sem nascentes, desapareceram as crianças e, sem poentes, sumiram os poetas. A ilha foi tomada permanentemente pelas trevas. A população trocou o dia pela noite, a ilha passou a viver de noite e o que se vive de noite é a vida noturna. Dormia-se de dia e, à noite, assanhava-se. Escassearam os frutos da luz e prevaleceram as obras das trevas. Dinheiro passou a ser adorado como deus e a juventude se prostituiu. As moças da ilha, em sua pobreza, ficaram desfrutáveis pelos endinheirados do Império, que chegavam aos magotes, em fins-de-semana. “Na América, somos um país sério, não pode haver prostituição. Mas, em Cuba, a gente lava a égua!”

TRABALHEIRA DE TRAZER O SOL DE VOLTA – A história é conhecida. O pequeno grupo de valentes inoculou, no sangue do povo prostituído, a sustança revolucionária. De pequeno grupo entrincheirado na Serra, a revolução transformou-se em onda invencível. Botou para correr o pitbull governante, mantido pelos gringos, e colocou o país em trilhos de auto-estima e auto-respeito.. O grande bordel americano de fins-de-semana transformou-se no país idolatrado dos cubanos. A riqueza agressiva de alguns poucos foi repartida, através de relações sociais igualitárias, que transformaram o país na grande classe média modesta de hoje. Nem mais riqueza insolente, nem mais pobreza humilhante.

ILHOTA PRODUTORA DE LUMINARES – Como é possível? Ilhazinha pobre, produtora quase artesanal de açúcar e charutos, derrotou o Império onipotente. Milagre no Terceiro Mundo: erradicou o analfabetismo! Grande parte da juventude tem hoje, garantida pelo Estado, educação escolar fundamental e média da melhor qualidade. Após os anos de Revolução, Cuba transformou-se em celeiro produtor e exportador de luminares. Preenche países pobres da África e América Latina com médicos, sobretudo médicos sanitaristas, envolvidos com a saúde pública. Engenheiros, formados nas universidades da Ilha, são conhecidos por sua competência. Nas competições esportivas internacionais, é o que vemos: a pequenina Cuba sempre nos primeiros lugares, na frente de paises como Canadá e Brasil. Pessoas sérias, não dadas a pitacos emotivos irracionais, falam, de experiência in loco, sobre o orgulho nacional que os cubanos adquiriram. A vaidade, com gosto de Evangelho, de ser pequena e pobre, mas capaz de produzir o que Bananões opulentos e desregrados não conseguem. Ou não lhes interessa!

NENHUM DELES É DAQUI – Existe um aeroporto internacional, não nos Estados Unidos ou no Brasil, em cuja autovia de acesso mantém-se, há anos, imenso cartaz, com os seguintes rubros dizeres: ESTA NOITE, VINTE MILHÕES DE CRIANÇAS PELO MUNDO VÃO DORMIR NAS RUAS COM FOME, NENHUMA DELAS É CUBANA. Pelos frutos se conhece a árvore, não é mesmo? Árvore má produz os maus frutos das desigualdades injustas, da insensibilidade com os sofrimentos do povo, do abandono e criminalização da juventude pobre. Sem mencionar a permanente e escandalosa corrupção política, que esteriliza nossa esperança. Frutos bons são produzidos por árvores boas. Respeito reverencial pela juventude, futuro do país, é fruto precioso e raro da justiça social. Aquele aeroporto subversivo não fica em Nova York ou Miami, Galeão ou Congonhas, mas em Havana, na ilhota governada pelo ferrabraz ditador, ateu e comunista.

SALVE, ANTÔNIO CARLOS - Escrevo as presentes observações, em atenção ao nosso confrade do REPASSANDO Antônio Carlos de Mello. Sua sensibilidade social me emociona. A foto que manda ao REPASSANDO, da periferia de Fortaleza, demonstra que não precisamos ir a Cuba, para ver miséria. Pobreza lá, fruto do garroteamento, pelo bloqueio perverso do Império. Miséria aqui, fruto do que sabemos e vemos diariamente, em nossa percepção e em nossa televisão. Morei trinta anos na Baixada Fluminense e podia ter feito, todos os dias, fotografias infinitamente mais agressivas do que as da pobreza em Cuba. Não seria fora de propósito comparar os frutos sociais da sociedade católica, com os frutos sociais da Cuba atéia e comunista. Aí talvez nós fariseus descobriríamos, qual mangueira precisava levar muita facãozada no tronco, para expelir a seiva venenosa e parar de produzir mangas amargas.

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