– Agradeço cordialmente seu investimento em nossa correspondência. Escrevo a resposta, após assistir à empolgante abertura dos Jogos Panamericanos pela televisão.. Eis à minha frente, concentrado e imediato, tudo o que idealmente desejamos: juventude, saúde, beleza, perfeição e superação. Eis aí, tornados possíveis, os ideais de fraternização e igualdade. Brancos e negros, arianos e africanos, asiáticos e mestiços, todos juntos constituindo símbolo e sonho de unidade da família humana. Emocionantes, acima de todos, os sorrisos escancarados e felizes, com todos os dentes, dos representantes da raça negra, historicamente humilhada pela escravidão. Em tais ocasiões especiais, aflora simbolicamente o que de melhor se esconde, nos desvãos defensivos de nossas trincheiras.
ESPORTE SUBSTITUINDO A RELIGIÃO – Na solene abertura, o presidente do Comitê Olímpico definiu o “Esporte como o fator mais importante na construção da unidade entre as pessoas e os povos”. O insigne senhor teria produzido, em pequena frase, a concentração dos desejos cristãos, se houvesse trocado a palavra “Esporte” pela palavra “Evangelho”. A frase ficaria assim: “O Evangelho constitui o fator mais importante na construção da unidade entre as pessoas e os povos”. .Mas seria verdade? Infelizmente não! Ao contrário, religião tem servido como motivação desestabilizadora da unidade. Em nome do Pai comum, criamos as mais profundas, dolorosas e incuráveis rachaduras, na família dos filhos de Deus. A história da humanidade é a história das guerras religiosas. Não demorou muito, para aparecerem provas da deprimente constatação.
“SOMOS A ÚNICA IGREJA VERDADEIRA” – Em meio aos nossos devaneios utópicos de união e igualdade, despertados pela conjunção panamericana dos jogos, a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé acaba de promulgar documento oficial, que trata da legitimidade (ou não!) das igrejas cristãs. O documento assegura que o Catolicismo Romano constitui a única real Igreja de Cristo. As outras denominações sofrem da incurável ferida de não submeter-se ao primado do Papa. Por isso não podem se arrogar o direito de considerar-se igrejas de Cristo em plenitude.
PÁSSARO MAIOR QUE SUAS GAIOLAS - A reação no mundo todo foi imediata e indignada. Como é possível que presumam monopolizar o Cristianismo denominações religiosas com a história de tantos equívocos, cruzadas e inquisições? O que significa, na realidade e não na teoria, nos procedimentos e não nas abstrações teológicas, nos testemunhos martiriais e não em imposições autocráticas, ser verdadeira Igreja de Cristo? O Cristianismo foi mais Igreja de Cristo nas catacumbas das perseguições ou nas fogueiras da Inquisição? O Jesus dos Evangelhos estaria mais presente na pessoa do Inquisidor do que na pobre camponesa, analfabeta e sem defesa, queimada viva como feiticeira? Exclusões presunçosas não ajudam na construção da unidade. Ao contrário, acordam e exacerbam sementes da discórdia.
DESAUTORIZANDO SUORES CONSTRUTIVOS – Foi o que se viu mundo afora, em reações iradas. As plantinhas tenras dos esforços ecumênicos de aproximação foram atropeladas. Sensíveis e delicadas iniciativas de superação dos obstáculos, na construção do caminho comum, sentiram-se desautorizadas. Virtude fundamental da Igreja de Cristo – UNIDADE - foi posta de lado e substituída por polêmica sobre filigranas teológicas, que pouco ou nada têm a ver com o que gera a vida do mundo. Desmotiva a esperança o que tem a missão de animá-la! O Evangelho não deixa dúvidas: “Todos sejam um, a fim de que o mundo reconheça que tu, ó Pai, me enviaste!” A prova da salvação trazida por Jesus não é fornecida por teólogos, em seus arrazoados, nem por hierarcas em suas declarações, mas pela unidade fraterna dos filhos de Deus .O mundo dividido reconhece que foi o Pai quem enviou Jesus, se convivermos como irmãos, e não através de guerras religiosas ou da proclamação de princípios abstratos.
UNIDADE NÃO É FRUTO DE IMPOSIÇÃO - O que é vivo nasce e cresce de dentro para fora. O que é inanimado monta-se de fora para dentro; Não existe unidade evangélica imposta de fora para dentro. Unidade imposta através de hierarquia e disciplina é coisa de quartel. Jesus certamente não planejou, para sua Igreja, uma convivência de quartel. Quando a unidade, dentro da família, é conseguida através de autoritarismos e ameaças, cria-se uma geração de neuróticos. Se a Igreja trabalha com imposições e ameaças, usa o Nome de Deus em vão e tem de criar inquisições. Eliminação da dissidência e imposição do pensamento único constituem o contrário do que Jesus viveu e ensinou. Se o caminho do inferno é calçado de boas intenções, as pedras do calçamento talvez sejam argamassadas com as variadas e controversas teologias, que se encarregam de animar as chamas, com suas acaloradas discussões. Como Deus é infinito e a eternidade nunca termina, elas terão assunto e tempo para discutir por toda a eternidade.
NO MEIO DA FESTA O FIM DA ALEGRIA – A jovem senhora aguarda desolada, no saguão de Congonhas, a chegada dos três filhos, que passaram férias em Porto Alegre .A jovem mãe e dezenas de outras mães, pais, irmãos, parentes, amigos, dos outros passageiros do avião sinistrado. Muita aflição, tristeza infinita e inconsolável! Os entes queridos retornaram a São Paulo na forma de corpos carbonizados. O saguão de Congonhas era o contrário do Maracanã panamericano. Em meio ao desfile glorioso de beleza física, saúde corporal, superação de limites, consagração de vitórias, caiu de repente, no meio da humanidade bem sucedida, a realidade ineludível da fragilidade e da finitude.. Perante o indizível sofrimento, picuinhas sectárias perdem qualquer sentido. Colaboram com as divisões, se deixam de investir, na misericórdia e na compaixão, tempo e esforços, empregados na inutilidade das teologias estéreis.
ESPORTE SUBSTITUINDO A RELIGIÃO – Na solene abertura, o presidente do Comitê Olímpico definiu o “Esporte como o fator mais importante na construção da unidade entre as pessoas e os povos”. O insigne senhor teria produzido, em pequena frase, a concentração dos desejos cristãos, se houvesse trocado a palavra “Esporte” pela palavra “Evangelho”. A frase ficaria assim: “O Evangelho constitui o fator mais importante na construção da unidade entre as pessoas e os povos”. .Mas seria verdade? Infelizmente não! Ao contrário, religião tem servido como motivação desestabilizadora da unidade. Em nome do Pai comum, criamos as mais profundas, dolorosas e incuráveis rachaduras, na família dos filhos de Deus. A história da humanidade é a história das guerras religiosas. Não demorou muito, para aparecerem provas da deprimente constatação.
“SOMOS A ÚNICA IGREJA VERDADEIRA” – Em meio aos nossos devaneios utópicos de união e igualdade, despertados pela conjunção panamericana dos jogos, a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé acaba de promulgar documento oficial, que trata da legitimidade (ou não!) das igrejas cristãs. O documento assegura que o Catolicismo Romano constitui a única real Igreja de Cristo. As outras denominações sofrem da incurável ferida de não submeter-se ao primado do Papa. Por isso não podem se arrogar o direito de considerar-se igrejas de Cristo em plenitude.
PÁSSARO MAIOR QUE SUAS GAIOLAS - A reação no mundo todo foi imediata e indignada. Como é possível que presumam monopolizar o Cristianismo denominações religiosas com a história de tantos equívocos, cruzadas e inquisições? O que significa, na realidade e não na teoria, nos procedimentos e não nas abstrações teológicas, nos testemunhos martiriais e não em imposições autocráticas, ser verdadeira Igreja de Cristo? O Cristianismo foi mais Igreja de Cristo nas catacumbas das perseguições ou nas fogueiras da Inquisição? O Jesus dos Evangelhos estaria mais presente na pessoa do Inquisidor do que na pobre camponesa, analfabeta e sem defesa, queimada viva como feiticeira? Exclusões presunçosas não ajudam na construção da unidade. Ao contrário, acordam e exacerbam sementes da discórdia.
DESAUTORIZANDO SUORES CONSTRUTIVOS – Foi o que se viu mundo afora, em reações iradas. As plantinhas tenras dos esforços ecumênicos de aproximação foram atropeladas. Sensíveis e delicadas iniciativas de superação dos obstáculos, na construção do caminho comum, sentiram-se desautorizadas. Virtude fundamental da Igreja de Cristo – UNIDADE - foi posta de lado e substituída por polêmica sobre filigranas teológicas, que pouco ou nada têm a ver com o que gera a vida do mundo. Desmotiva a esperança o que tem a missão de animá-la! O Evangelho não deixa dúvidas: “Todos sejam um, a fim de que o mundo reconheça que tu, ó Pai, me enviaste!” A prova da salvação trazida por Jesus não é fornecida por teólogos, em seus arrazoados, nem por hierarcas em suas declarações, mas pela unidade fraterna dos filhos de Deus .O mundo dividido reconhece que foi o Pai quem enviou Jesus, se convivermos como irmãos, e não através de guerras religiosas ou da proclamação de princípios abstratos.
UNIDADE NÃO É FRUTO DE IMPOSIÇÃO - O que é vivo nasce e cresce de dentro para fora. O que é inanimado monta-se de fora para dentro; Não existe unidade evangélica imposta de fora para dentro. Unidade imposta através de hierarquia e disciplina é coisa de quartel. Jesus certamente não planejou, para sua Igreja, uma convivência de quartel. Quando a unidade, dentro da família, é conseguida através de autoritarismos e ameaças, cria-se uma geração de neuróticos. Se a Igreja trabalha com imposições e ameaças, usa o Nome de Deus em vão e tem de criar inquisições. Eliminação da dissidência e imposição do pensamento único constituem o contrário do que Jesus viveu e ensinou. Se o caminho do inferno é calçado de boas intenções, as pedras do calçamento talvez sejam argamassadas com as variadas e controversas teologias, que se encarregam de animar as chamas, com suas acaloradas discussões. Como Deus é infinito e a eternidade nunca termina, elas terão assunto e tempo para discutir por toda a eternidade.
NO MEIO DA FESTA O FIM DA ALEGRIA – A jovem senhora aguarda desolada, no saguão de Congonhas, a chegada dos três filhos, que passaram férias em Porto Alegre .A jovem mãe e dezenas de outras mães, pais, irmãos, parentes, amigos, dos outros passageiros do avião sinistrado. Muita aflição, tristeza infinita e inconsolável! Os entes queridos retornaram a São Paulo na forma de corpos carbonizados. O saguão de Congonhas era o contrário do Maracanã panamericano. Em meio ao desfile glorioso de beleza física, saúde corporal, superação de limites, consagração de vitórias, caiu de repente, no meio da humanidade bem sucedida, a realidade ineludível da fragilidade e da finitude.. Perante o indizível sofrimento, picuinhas sectárias perdem qualquer sentido. Colaboram com as divisões, se deixam de investir, na misericórdia e na compaixão, tempo e esforços, empregados na inutilidade das teologias estéreis.
Um comentário:
Luis: Paz e Bem !
Tive a ventura de ler, faz algum tempo, alguns dos seus artigos, ainda de Santan. Houve um rescimento muito significativo, de lá para cá. Reli, há pouco, o OLHOS MAREJADOS DE LÁGRIMAS. os seus diversops tópicos encerram sérias reflexões e justifcados questionamentos. Tudo muito bem documentado através do LIVRO MAIOR: a Bíblia e toda uma caminhada teológica. Parabéns !
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