sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
ABRAÃO PERDENDO O JOGO PARA ADÃO
O EMPOBRECIDO É DEUS DENUNCIANDO - Tudo o que vimos, em capítulos anteriores, era mais ou menos o “Projeto de Deus”, tal como tentaram realizá-lo durante 200 anos: desde 1250 até 1050 antes de Cristo. É algo único que aparece no mundo antigo. Como já se disse, o “Projeto” repousava sobre a fraqueza. A tentação de voltar atrás, ao antigo sistema, sempre foi grande. No fim, a tentação de Adão venceu Abraão. Abraão é ameaçado, por dentro e por fora, pelo Adão que, sempre de novo, quer levantar a cabeça. O primeiro sinal de que a Aliança ou o “Projeto” estava falhando foi o aparecimento de gente “empobrecida”, no seio do povo. O “pobre”, pelo simples fato de existir e de ser um “empobrecido”, acusa a todos e se torna, para o Povo de Deus, uma denúncia vinda do próprio Deus.
OS PROFETAS MANTÊM A ESPERANÇA – Os profetas souberam captar a “voz de Deus”, escondida no “clamor dos pobres”. Mas tudo indica que as forças sociais, econômicas e políticas, contrárias ao Projeto, foram mais fortes e levaram à desintegração lenta e progressiva do Povo, com a destruição de Jerusalém em 587 antes de Cristo. Veio então o cativeiro. Depois do cativeiro, tentaram reconstruir o ideal perdido, sob o estímulo de Isaias (40 a 66). Mas a tentação do poder e do saber impediu sua realização. Quando Jesus vem, Ele se torna porta-voz da denúncia do Pai., presente no clamor dos pobres, e anuncia para estes a Nova Aliança, o Reino.
O PROJETO DE DEUS SE PLENIFICA EM JESUS – Para realizar seu Projeto, Deus não mandou qualquer um, mas mandou seu próprio Filho. Jesus, o Filho de Deus, realizou a promessa do Pai: trouxe a libertação para o povo e anunciou aos pobres a Boa Nova do Reino de Deus. A pregação de Jesus não agradou a todos. Os doutores da lei e os fariseus, os sacerdotes e os saduceus, imaginavam a vinda do Reino de Deus como simples inversão da situação, sem mudança real no relacionamento entre os homens e entre os povos. Ou seja: eles, os judeus, dominados pelos romanos, ficariam por cima e seriam os senhores do mundo; e os romanos, que estavam por cima, ficariam por baixo.
Mas não era assim que Jesus entendia o Reino do Pai. Ele queria uma mudança radical. Para ele, o Povo de Deus tinha de ser um povo irmão e servidor, e não um povo dominador, a ser servido pelos outros povos (cf. MT 20,28)
BOA NOTÍCIA PARA OS POBRES, MÁ PARA OS INSTALADOS – Jesus iniciou esta mudança. Colocou-se do lado dos pobres, marginalizados pelo sistema dos judeus. Denunciou este sistema como contrário à vontade do Pai e convocou todos a mudar de vida (cf. MT 1,15) Mas os grandes não quiseram. Só os pobres e os pequenos entenderam e aceitaram o apelo de Jesus (cf. MT 11,25). O que era Boa Notícia para os pobres, era má notícia para os grandes, pois o Evangelho, trazido por Jesus, exigia deles que abandonassem seus privilégios injustos e que deixassem de lado suas idéias de grandeza e de poder. Mas eles preferiam suas próprias idéias. Por isso rejeitaram o apelo de Jesus e o mataram na cruz, com apoio dos romanos.
DEUS DEIXOU CLARO DE QUE LADO ESTAVA - Jesus morreu como um pobre marginalizado. Morreu gritando! E Deus, que ouve o clamor dos pobres, ouviu o grito de Jesus e o ressuscitou! O Pai, criador da vida e do mundo, interveio e mostrou de que lado estava. Usando o seu poder criador, tirou Jesus da morte! Ora, animados por este mesmo poder de Deus que vence a morte, os seguidores de Jesus, os primeiros cristãos, organizaram sua vida em pequenas comunidades, viviam em comunhão fraterna, tinham tudo em comum e já não havia mais necessitados entre eles (cf. At 2,42-44). Assim, a vida nova, prometida pelos profetas do Antigo Testamento e trazida por Jesus, apareceu aos olhos de todos, na vida dos primeiros cristãos.
CONVIVÊNCIA FRATERNA, AMOTRA GRÁTIS DO REINO - Os primeiros cristãos se tornaram “a carta de Cristo”, reconhecida e lida por todos os homens (cf.2 Cor 3,2-3). É na vida comunitária dos primeiros cristãos, sustentada pela fé em Jesus vivo no meio deles, que apareceu uma amostra bem clara do Projeto que o Pai tinha em mente, quando chamou Abraão e quando decidiu libertar o seu povo do Egito. Com outras palavras, Jesus trouxe a chave para o povo poder entender o sentido verdadeiro da longa caminhada do Antigo Testamento. Os primeiros cristãos, usando esta chave, conseguiram abrir a porta da Bíblia e souberam entender e realizar a vontade do Pai. Tinham consciência de que o Mundo reconheceria que Jesus veio do Pai, se eles se amassem uns aos outros como irmãos.
Com amizade - Luís
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