sábado, 10 de novembro de 2007

O OUTRO LADO DAS ESTÓRIAS

SOLIDARIEDADE AO PADRE JÚLIO LANCELOTTI – A esse título, o site ADITAL, da internet, publicou o outro lado da campanha que a mídia espetaculosa, ávida de escândalo e lama, vem movendo contra o Padre Júlio Lancelotti. Padre Júlio é conhecido por seu permanente compromisso com os mais pobres, sobretudo o povo das ruas, o lixo humano, produzido pela sociedade asseada e bem sucedida. “Exaudiatur et altera pars!” Em qualquer circunstância, os pecados do Padre Júlio serão menores do que os de seus inveterados apedrejadores . Menos graves certamente do que interesses corporativos escusos, travestidos em defesa da moral. Bom critério de avaliação é observar de que lado social se postou profeticamente o acusado e em que trincheira predatória militam os acusadores. Examinar de onde partem as acusações ajuda a sermos intelectualmente menos míopes, epistemologicamente mais objetivos e midiaticamente menos desfrutáveis. Formatamos a seguir, ao nosso jeito, a matéria do site ADITAL, do jornalista Claudemiro Godoy do Nascimento

VARRER OS POBRES PARA DEIXAR A CIDADE LIMPA – “Há algum tempo, a imprensa destila seu veneno contra o Padre Júlio Lancelotti. Não nos esqueçamos da bizarra matéria da Veja, escrita pela repórter Camila Antunes, intitulada O Pecado da Demagogia. Nesta grotesca reportagem da Veja, Padre Júlio Lancelotti é chamado de líder de uma organização política, criador de uma categoria sociológica “Povo da Rua” e promotor da idéia de que a situação do povo da rua se encontre em estado permanente. Na época, janeiro de 2006, escrevi um artigo, intitulado A Demagogia do Pecado, apontando as reais intenções da reportagem, a serviço da lógica excludente do então prefeito José Serra, que queria retirar todos os moradores de rua do Centro de São Paulo, para “higienizar” os ares e a estética da cidade. Higienizar, para que as elites pudessem ter sossego e não mais ser incomodada com os forasteiros, moradores de rua. Evidentemente que o Padre Júlio e as pastorais sociais da Igreja se colocaram contra tal propósito excludente, do então prefeito e atual governador José Serra.

PAGANDO O PREÇO DAS OPÇÕES RADICAIS – Hoje, estamos assistindo a uma verdadeira novela que ronda a pessoa humana do Padre Júlio, que sempre agiu segundo o espírito do Evangelho. Nós, que conhecemos há anos sua pessoa e seu trabalho junto aos excluídos, seja o povo de rua, sejam as crianças e adolescentes vítimas do abandono ou do vírus HIV, somos testemunhas de sua coragem e profecia. Não tenho dúvidas de que Padre Júlio “caminha nas estradas de Jesus”. Exatamente por romper com tudo aquilo que seja anti-Reino é que Padre Júlio vem sendo alvo de intensas reportagens ambíguas e maldosas.

CULPADO POR ESPETAR AS CONSCIÊNCIAS – Padre Júlio, ao denunciar a extorsão que vinha recebendo aos poucos, por meio das especulações dessa mídia elitista, vem passando da condição de vítima à condição de culpado. Culpado por amar tanto os pobres, os moradores de rua, as crianças. Culpado por ser pai de muitos e muitas. Culpado por seguir fielmente o Evangelho de Jesus. Sim, culpado por colocar-se a serviço daqueles e daquelas, considerados os últimos pelas classes dominantes, e os primeiros aos olhos de Deus. Essa é sua culpa!

PEQUENO BURGUÊS A SERVIÇO DE POBRES INTERESSE – Mas, para a imprensa a para muitos setores do poder dominante, a culpa é outra. Até mesmo de homossexual está sendo chamado. O próprio advogado do grupo que extorquia Padre Júlio demonstra uma imensa incapacidade - condição própria de um pequeno-burguês a serviço das elites – e que viu, nesta defesa, uma boa oportunidade para aparecer, para estar na mídia, anunciando falsas acusações contra uma pessoa humana que, independentemente de ser ou não o Padre Júlio, ninguém deveria passar.

ACUSAÇÕES ESPETACULOSAS EM VEZ DE AVERIGUAÇÃO – A mídia deita e rola com as reportagens, com as especulações, com as hipóteses que, em nada, apresentam o conceito científico da investigação. Preocupa-me a formação dessa imprensa. Não possuem nenhuma condição científica, para ali estarem cobrindo uma matéria que deveriam, antes de tudo, averiguar. Mas não, já lançam as hipóteses e especulações que acabam deteriorando os sentimentos e a subjetividade das pessoas. Culpar Padre Júlio de práticas homossexuais é realmente algo bizarro, nojento e bárbaro.

COMO CRISTO CULPADO NAS MÃOS DOS BANDIDOS – Por isso, acredito que a vítima – Padre Júlio Lancelotti – nas mãos da imprensa e do poder dominante se tornou, há muito tempo, culpado. Para a lógica dos defensores do capital e da burguesia, realmente ele é culpado como já disse acima. Mas, para Deus, ele sempre será um presente. Um homem hominizado pelo amor, pelo serviço, pelo testemunho e pela solidariedade, que se tornaram, ao longo desses anos, sua própria regra de vida, que podemos resumir na seguinte afirmação: doar-se sempre aos mais pobres e excluídos. Esse foi, é e será sempre o nosso companheiro da caminhada, Padre Júlio Lancelotti”.

UM DALAI LAMA NO CLERO NO BRASIL – Quem conhece o monge beneditino Dom Marcelo Barros, que leva vida monasterial contemplativa, é orientador freqüente nos retiros espirituais de boa parte do clero brasileiro, homem de intensa e conhecida austeridade e união com Deus, sabe o valor do seu testemunho sobre o Padre Júlio Lancelotti. O depoimento de Dom Marcelo Barros vai aqui, como apêndice da matéria do jornalista, para nos ajudar, no REPESSANDO, a não embarcarmos em ondas podres e não sermos associados, pela mídia mercantilista, aos atiradores de lama. Coteje o projeto de vida de cristãos como Dom Marcelo e Padre Júlio, com o que sorrateiramente oculta-se por baixo de acusações maldosas. Reflita, evangelicamente, mais uma vez e decida quem tem autoridade moral para atirar a primeira pedra! Com a palavra, o teólogo e místico] beneditino Dom Marcelo Barros,um dos gurus do presbitério brasileiro.

“NO MUNDO SEMPRE TEREIS AFLIÇÕES” Júlio, meu irmão, escute Jesus dizendo a você também: “Filhinhos, no mundo sempre tereis aflições. Tende coragem. Eu venci o mundo” (Jo 16,33) Que a paz de Deus, em meio a todas as tribulações da vida, esteja em você, como estrela em um céu transparente. Se pudesse, lhe faria, nestes dias, uma visita de comunhão e amizade, para celebrar com você, na Ceia de Jesus, este momento difícil e doloroso, pelo qual você e todos os que o estimam estão passando. Sei que você sofre isso, como conseqüência de sua consagração aos pequeninos de Deus.

COMPANHEIRO NA AFLIÇÃO E NO TESTEMUNHO – Outra vez, consegui estar com você em São Paulo. Desta vez, voltei, há dois dias, do interior da Itália e caí na coordenação de um exercício espiritual para missionários de vários países do mundo, que estão aqui no mosteiro para serem ajudados em um retiro. Entretanto, meu coração está aí junto de você, para confirmá-lo “como nosso irmão e companheiro, nas aflições e no testemunho de Jesus” (Apoc 1,9). Um profeta como você não pode mesmo ter outro destino. É este e não apenas o do sofrimento “limpo” e belo, que todos admiramos e com o qual todos nos solidarizamos, mas também estes problemas, nos quais somos expostos, como dizia Paulo aos Coríntios, como espetáculo de gozação e desprezo, aos olhos do mundo.

OPÇÃO PROFÉTICA EXPOSTA A TODOS OS RISCOS – E como somos frágeis, a loucura é tal que o risco é que nós mesmos fraquejemos e nos sintamos em conflito interior; porque, no fundo, qual a fronteira entre as acusações mentirosas e injustas, que fazem a você, e a insegurança e incertezas loucas, que nós mesmos vivemos, no cotidiano de uma vida solitária e sempre expostas a todo tipo de riscos?
O que posso lhe dizer é que é justamente quando você vive mais esta fragilidade (como pregado na cruz) que a força divina se revela em você como luz e testemunho para todos nós. que devemos seguir o mesmo caminho seu.

JESUS SE REVELA NA FRAGILIDADE DOS DISCÍPULOS – Todos que o conhecem sabem da verdade e profundidade de sua humanidade; têm em você uma confiança inabalável de como você doa sua fragilidade, para que Jesus alimente a multidão, com os poucos e pobres cinco pães e dois peixes, que você, eu e todos somos. Por favor, fique firme na paz, certo de que o Senhor o acompanha neste momento de cruz. “Não vos preocupeis com o que ireis falar. O próprio Espírito falará em vós”.
O que dizer? Conte comigo em tudo e para tudo. Se eu puder concretamente ser de alguma ajuda, não hesite. E sem preocupação nenhuma, use meu ombro para se apoiar e poder chorar a dor de ser profeta frágil, em um mundo desumano.
Um abraço de paz e um beijo no coração. Seu irmão Marcelo Barros.

Meu abraço e minha amizade - Luís

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